Eslovakia

Bratislava: o melhor passeio de Viena.
Saímos do hotel de Viena em direção a estação central. Acontece que, no trem do metrô, eu notei que um dos trajetos do metro levava a Bratislava. A estação de onde saía o metrô era uma depois da estação onde nós estavamos, portanto eu resolví descer e tentar a sorte.  Ao chegar a estação, fui informado que sairia um trem em 30 minutos, e que a passagem custava $20 euros. Eu tinha o passe de trem e ainda podia gastar um dia a mais do que eu iria gastar até o final da viagem. Acontece que eu  tinha o passe de 4 países: Alemanha, Czech, Austria e Hungria. Como a Eslovakia não estava inclusa nos países que eu escolhi,  eu estava pronto para pagar os $20 euros da passagem. Mas eu resolvi, de qualquer forma, perguntar a atendente se eu não poderia usar aquele passe pra ir até Bratislava. Quando eu perguntei, fui informado que poderia usar até a última cidade da Áustria. Se você olhar o mapa, vai ver que Bratislava fica bem na fronteira com a Austria. Daí a pessoa do guichê me ofereceu um adicional de fronteira por $4, que valeria até Bratislava, ainda com direito a uso dos meios de transporte naquela cidade. Foi a Salvação. Eslovakia, aqui vamos nós.
Quem diria: tudo o que se pensa de Vienna se acha em Bratislava. A Eslovakia, que em 1993 se separou da antiga CzechSlovakia, se tornando um país independente, ainda tem resquícios do comunismo. A cidade é quase um bairro de Vienna, a 60 Km da Capital Austríaca. O trem sai de uma estação menor chamada Sudbanhof, e ao chegar a estação de Bratislava, só faltou uma placa dizendo “bemvindo a URSS do terceiro mundo”. O trem Austríaco parecia uma nave futurista chegando à estação da década de 30.
A melhor coisa que eu fiz foi ter ido pra lá. A cidade tem um centro histórico um pouco maior que o Pelourinho. Mas é sem dúvida a cidade mais “chamosa” da Europa que já conhecí. Lembram das vielas de Cuiabá? Adicione um toque medieval, contando com a iluminação de lampiões originais e uma arquitetura que lembra a de Praga (em menor escala). Os prédios do centro já estão quase todos renovados, coloridos, lindos, uma mistura de Praga com Vienna. Os bondes aindam contam com os do tempo do comunismo, mas isso só melhora a situação. Não há mais os carrinhos do tempo do comunismo (automóveis,  digo) – só se vê carros famosos, VW, BMW, etc. Dá pra se caminhar tudo em meio dia – o Old Town Square, com a pista de patinação no gelo, a Catedral de St Martin, o Museu Municipal, o Palacio de Grassalkovich (residência oficial do Presidente). Tudo a alguns minutos a pé. Os teatros anunciam óperas e concertos de todos os tipos pelos cartazes pregados nos postes. Lojas de chocolate do tempo que eu era pequeno (aqueles que se vê em livros), dão um toque pitoresco a área do Portão de São Michel. Aqui sim, tem os músicos de rua tocando as canções de Mozart e Strauss nos seus violinos. É inacreditável como nós conseguimos acabar com nossa história no Brasil. Em Cuiabá, nós tinhamos várias pracinhas pequenas, como as que se vê aqui (Courtyards), com os mesmos tipos de casarões com portas na calçada. Mas nas nossas cidades nós destruímos tudo. Eu passava pelos becos pequenos e só imaginava quantos negões estariam urinando na rua se fosse em Salvador, por exemplo. Waw, os prédios estão super conservados. E veja bem: estamos falando de Bratislava, uma cidade que provavelmente quase a maioria de vocês, lendo aqui, nem sabe onde fica, como eu nem sabia, e que era parte do bloco comunista há até poucos anos (sem dinheiro). Outra coisa: há uma parte onde o moderno encontra o antigo: a ponte estaiada tem um disco voador no alto de 200 metros de altura, com um restaurante internacional. A vida noturna daqui é conhecida por ser uma das melhores da Europa, portanto vários Austríacos e Praguenses vem pra cá nos fins de semana para curtir.
Por fim, se você vier aqui, não deixe de ir ao Restaurante Rio: um local inspirado pelo Rio, que reúne bar, restaurante e café, além de um espaço pra shows. É simplesmente fantástico, a comida sem igual, e o preço bem acessivel. Vale a pena.
De tudo, dois vereditos: primeiro, quem foi que disse que o Danúbio era azul? A água esta da cor dos rios do Brasil em cidades com enchentes. E segundo, acho que Bratislava é o bairro de Vienna que mais vale a pena. Da próxima vez, vou planejar de forma diferente: hotel em Bratislava, e passeio de um dia a Viena.